quarta-feira, 21 de outubro de 2009

"look at the stars, look how they shine for you"

Hoje eu percebi uma coisa em relação a você. Você cresceu tão subitamente que eu nem reparei. Prefiro continuar te incentivando a brincar com as suas Barbies, prefiro continuar tentando amarrar seus cabelos em Marias-chiquinhas bem altas, do jeito que eu fazia quando você tinha dois anos e saia correndo pela casa só de calcinha. Eu preferia que você tivesse dois anos pra sempre, na verdade. Assim você sempre ia caber no meu colo. Você sabe como eu sempre gostei de ter você no meu colo. Mesmo com todas aquelas golfadas ocasionais. Já faz tanto tempo assim das golfadas? Nem senti. E quando eu te dei o meu primeiro Harry Potter pra ler, você era tão pequena e leu todos quase num ano só, um atrás do outro, e eu fiquei tão orgulhosa por ter conseguido passar pra você a minha primeira paixão, por que assim a gente já ia ter mais uma paixão pra compartilhar. Eu te vejo todo dia, fui te vendo todo dia durante tanto tempo que eu nem percebi que já tinham passado tantos dias. Mesmo com os aniversários. Você já reparou na minha mania de dizer que você tem sempre oito anos? Talvez eu te veja pra sempre com oito anos, talvez, pra mim, você só cresça de oito em oito anos. Mas agora não tem mais Marias-chiquinhas, nem quase tem Barbies. Agora tem as músicas que eu ouço, os papos da escola que você vem me contar em segredo, as roupas que você espera que eu aprove. Por que você confia em mim do mesmo jeito que eu confiei em você desde aquela primeira vez que eu te vi no bercinho da maternidade e não consegui tirar aquele sorrisão da cara, por que você me trouxe paz desde o primeiro momento, e uma cumplicidade e um amor que é maior que o mundo. E você é engraçada, e não sabe ainda o quanto é linda. E não sabe quanto é inteligente, e quanto vai ser admirada por todo mundo daqui a um tempo. E você tenta seguir os meus passos, e eu juro que vivo tentando fazê-los certos pra você. Sem caminhos tortuosos, sem dor, sem sofrer. Eu sei que isso é impossível, por que você é a menina mais geniosa que eu conheço, mais do que eu até, e talvez seja por isso que eu sempre tente te manter com oito anos, de maria-chiquinha e com uma Barbie na mão. Assim você não sofre, e só vai dormir chorando por que te interromperam na brincadeira. Assim eu não sofro como nunca ao te ver sofrer, e tento sair batendo por aí em todas as molecas e moleques que fizeram isso com você. Talvez por que, se eu admitir que você cresceu finalmete, vai ser como admitir que agora toda a dor do mundo pode te aplacar, por que se isso acontecer com você, eu nem imagino como isso vai me afetar.
Foi preciso eu escutar Yellow, do Coldplay, que se você ouvir com certeza vai gostar também, por que sempre gosta das mesmas coisas que eu, pra ver que você não é mais o bebê que eu apresento pra todo mundo. Você é exatamente "skin and bones turning into something beautiful", e assim como a música continua, "for you I bleed myself trying", por que, se eu pudesse, faria todas as estrelinhas do mundo brilharem pra você, só por que você gosta delas tanto quanto eu.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Talvez nem idiota... (:

Sempre achei tão complicado essas coisas de romance. Preferia me deixar de fora, olhar os apaixonados como idiotas de cinco dias e odiar perpetuamente as datas mais românticas. No fundo eu me acreditava sem essa capacidade. Achava que quando abriram as inscrições lá no céu para o “seu par na Terra” eu tivesse ficado pra trás, provavelmente passado pela porta com Blink 182 nos ouvidos e lendo mais um livro do Markus Suzak. Mas, como muitas outras coisas (um número cada vez mais crescente delas), eu estava errada. Talvez esse tenha sido o meu erro mais maravilhoso, por que você chegou. E você não tem cavalo branco, mas tem aquele jeitinho de aparecer meio como quem não quer nada, depois de ter esperado uma hora só por que eu disse que era o tempo que eu precisava pra ficar pronta. Você tem aquele cheiro perfeito, que fica em mim até quando você já foi embora. E quando você vai embora, eu fico vazia. Você me coloriu de novo. Você trouxe tudo o que era bom de novo. Agora eu canto na rua de novo. Eu rodopio pelas salas de novo. E sorrio aquele sorriso de mil metros, que chega até os olhos e depois desce tudo de novo. Você me mostrou uma nova eu, eu olha que eu nem tava incomodada com a velha. Antes de você eu tinha medos, uma mala cheia deles. Você a abriu e espanou comigo todos eles. Agora eu tenho mais uma mala vazia que eu posso preencher com sonhos novos. Você me faz sentir a exceção, o último biscoito de passatempo recheado do mundo. E você me chama de bebê, e me abraça apertado com medo que eu fuja. Você não sabe que o único medo que você não conseguiu espanar foi exatamente aquele que você trouxe quando chegou; o de que você vá embora. Então eu disfarço como sempre fiz, por que eu sempre lidei com essas coisas muito bem. Só que pela primeira vez o meu amor é retribuído na mesma intensidade. E é assustador perceber o poder que isso me dá. Como o mundo fica pequeno só de me saber amada. O mundo ficou pequeno por que você chegou. Ele ficou pequeno, colorido e maleável que nem aquela massinha de modelar que você riu quando eu disse que queria. Ele voltou a ser belo de um jeito só meu, e por ironia do destino, ele é belo por que eu virei uma idiota apaixonada.